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  • Daniel Moura

Para o Zé,


Eu sei que é tão duro

correr sem ter pés,

eu sei que é tão duro

as faces doloridas

sofridas

tão gastas

do tempo que foi. . .

Eu sei que é tão duro

voar asas grandes

nos sonhos roubados

da mente cansada

de tanto sofrer. . .

Eu sei que é tão duro

as esquinas sombrias

gritando medos

medonhos gritando

por sonhos desfeitos

(desespero escondido

do que não pode mais ser).

Por isto é tão duro

o céu estrelado

exibindo-se

imprescindivelmente

sobre fortes e fracos

alegres e tristes

sem se alterar. . .

Ah!, irmão,

eu sei tudo isto

e muito mais ainda

que nem é bom lembrar. . .

que se tu sofres

eu sofro contigo.

E no meu céu não há estrelas

quando apagas o teu. . .

Por isto,

vamos juntos procurar

a luz do nosso céu

do nosso eu


Daniel

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