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  • Daniel Moura

Novo dia

Rasgo dentro de mim

meu coração machucado

e abro meu peito

ao despertar do amanhã.

Todas as feridas que me doem

terão a sangria das enchentes

e os meus olhos, soltos,

poderão enxergar mais longe,

mais nítidos,

o horizonte que me espera.

Arranco de mim,

como se arrancam as pragas

- braço forte, vontade feroz -,

todo o incômodo do ter,

para acordar livre

das amarras que me prendem

ao chão das certezas,

diluindo aos poucos

o pesadelo do ontem,

do absurdo, do que passa.

Mergulho de corpo inteiro

no infinito do sentir

e experimento o vôo errante

no imprevisível, no inusitado.

Aí, então, começará o sonho.

Aí, então, eu já serei o sonho. . .

- Não precisarei mais sonhar.


Daniel Dezembro/86

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