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VIDA E PALAVRA

por Daniel Moura



Dizem que a palavra “saudade” é brasileira.

Só nós a verbalizamos,

damos um nome a esse sentimento,

essa emoção tão especial,

que traz vida, alegria... e dói.

A saudade dói, às vezes.

Mas é melhor doer do que não senti-la.

Esse é o privilégio daqueles que amam.

Só quem ama sente saudade,

sente vontade de viver de novo aquele momento, trazer para mais perto a pessoa amada.

A saudade é uma forma de guardar tesouros,

pérolas escondidas no fundo de um baú

louco por ser aberto.

Por isso, é preciso cultivar a saudade

como forma de revivenciar o momento,

atualizá-lo, dar vida a ele, renová-lo.

A saudade não é um olhar para o passado,

uma mera nostalgia de um tempo que se foi,

mas sua re-vivência no presente,

a atualização do sentir,

sentir de novo, ser de novo.

Trazer para o agora o mesmo encantamento,

de maneira que a sua energia,

sua força e sua emoção sejam ressuscitadas

para dar vida nova ao presente.

A saudade não é uma lembrança

de alguém que está distante.

Muito antes, é o encontro escondido

e silencioso com esse alguém.

É vencer a distância que nos separa,

é romper os limites do tempo e do espaço

e trazer para perto, para dentro do peito,

a verdadeira presença,

aquela que está eternamente viva

em cada um de nós.

Só quem ama sente saudade,

esse sopro de vida,

esse sopro divino que faz renascer em nós

a esperança do encontro.

A saudade não tem idade porque,

com o passar dos anos,

aprendemos a cultivar momentos,

a dar valor aos verdadeiros tesouros,

a sentir a vida pulsar nas pequenas

e infinitas emoções que guardamos para sempre.

Segredos escondidos,

segredos revelados no brilho do olhar...

Daniel Moura


(21º Encontro da Feliz Idade)

  • Daniel Moura

2000 - Ano Internacional do Voluntariado


O Futuro já começou,

o terceiro milênio chegou.

Temos o privilégio de recebê-lo,

participamos dessa grande virada

e adquirimos o direito de festejar

pelo resto de nossas vidas.

Há um mundo a ser descoberto,

Há um mundo a ser transformado,

Há um mundo a ser redesenhado...

E há mãos que esperam por isso,

E há olhos que sonham com isso,

E há pés que caminham pra isso...

Basta olhar em volta

e dar o primeiro passo.

Depende de nós...

Depende de mim...

Depende de você...

Daniel Moura


(Jan/2000)



"Gosto de pássaros que se enamoram das estrelas e caem de cansaço ao voarem em busca da luz..." D. Hélder Câmara


Passamos pela vida acumulando experiências.

Muitas são passageiras. Algumas são eternas.

Nossa felicidade está em deixarmos as experiências

passageiras fluírem, como o vento, e guardarmos,

como tesouros, as experiências eternas.

O que são experiências eternas?

Os relacionamentos, com seus abraços, beijos,

cuidados e chamegos.

O perdão recebido, o perdão concedido.

A mão estendida, para dar e receber;

os risos e as lágrimas que educam;

os momentos em que nosso coração bateu mais forte,

nossa respiração ficou ofegante, nossos olhos brilharam mais.

Os encantamentos, tão fugidios, mas tão intensos!

As outras experiências, aquelas que nos magoaram,

nos entristeceram ou que nem marcas deixaram, são passageiras,

não merecem o aconchego do cofre quente e rico que é o nosso coração.

Ele nos foi confiado pelo Criador para guardarmos nossos tesouros.

Precisamos buscar em nós mesmos a luz que irradia felicidade.

Ela brilha de dentro para fora, do interior para o exterior,

e se acende com o fogo do amor incondicional.

Uma vez acesa, não há mais escuridão, não há mais medo.

E toda a perspectiva de nossa vida ganha contornos de eternidade.

As coisas sem importância perdem a força

enquanto a luz ganha mais brilho para iluminar

e colorir o mundo à nossa volta.

A esperança de tempos novos brota em nós

como naquele que caminha sempre para o futuro, inebriado de infinito,

encantado com a vida, com a natureza, com os semelhantes.

É quando a vida pode ser maravilhosa...


Daniel Moura


(20º Encontro da Feliz Idade)


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