Dizem que a palavra “saudade” é brasileira.
Só nós a verbalizamos,
damos um nome a esse sentimento,
essa emoção tão especial,
que traz vida, alegria... e dói.
A saudade dói, às vezes.
Mas é melhor doer do que não senti-la.
Esse é o privilégio daqueles que amam.
Só quem ama sente saudade,
sente vontade de viver de novo aquele momento, trazer para mais perto a pessoa amada.
A saudade é uma forma de guardar tesouros,
pérolas escondidas no fundo de um baú
louco por ser aberto.
Por isso, é preciso cultivar a saudade
como forma de revivenciar o momento,
atualizá-lo, dar vida a ele, renová-lo.
A saudade não é um olhar para o passado,
uma mera nostalgia de um tempo que se foi,
mas sua re-vivência no presente,
a atualização do sentir,
sentir de novo, ser de novo.
Trazer para o agora o mesmo encantamento,
de maneira que a sua energia,
sua força e sua emoção sejam ressuscitadas
para dar vida nova ao presente.
A saudade não é uma lembrança
de alguém que está distante.
Muito antes, é o encontro escondido
e silencioso com esse alguém.
É vencer a distância que nos separa,
é romper os limites do tempo e do espaço
e trazer para perto, para dentro do peito,
a verdadeira presença,
aquela que está eternamente viva
em cada um de nós.
Só quem ama sente saudade,
esse sopro de vida,
esse sopro divino que faz renascer em nós
a esperança do encontro.
A saudade não tem idade porque,
com o passar dos anos,
aprendemos a cultivar momentos,
a dar valor aos verdadeiros tesouros,
a sentir a vida pulsar nas pequenas
e infinitas emoções que guardamos para sempre.
Segredos escondidos,
segredos revelados no brilho do olhar...
Daniel Moura
(21º Encontro da Feliz Idade)