Era preciso muito tato
e paciência
para resolver tudo
o que pensei
e o que eu podia pensar
depois.
Necessário fazer
do medo
uma coragem
para abrir os olhos
e ver o “É”
de tudo.
Sentir a vida
entrar em minhas retinas
só pra ferir
(e eu sabia disso)
Meu coração felino.
E eu tive
E eu fiz
E feriu
E eu só não sabia de mim. . .
Cantar a vida não é fácil
(e eu pensei que fosse).
Sorrir e concordar
pra não ser
indesejável.
Dançar ao ritmo
dos pensamentos
e conceitos
das pessoas
pra não pisá-las
e ter que sentar
e esperar
que a noite acabe.
E pra não ser sempre
o desencontrado
o errado
o mau
o implicante
o chato
o louco
o fora
eu abri os olhos.
E quando,
das retinas
que o breu da vida
(porque foi só o que vi: breu)
penetrava,
choravam olhares perdidos
de tristeza
pelo sonho
que não foi
e de angústia
medo
e dor,
todos!,
todos riam. .
e eu via a vida pela primeira vez
e pela primeira de todas as vezes
eu só vi decepção.
Daniel 06/75
Eu não devo fazer dos dentes brancos
olhos vermelhos,
pra quando eu precisar fazê-lo,
-quando vier o dia-
eu conseguir lágrimas
e fazê-lo bem,
com autenticidade
e na hora certa
Daniel 06/75