Engana-se quem espera que a paz seja um lindo lago azul.
Ela é muito mais um rio de águas corajosas que se embrenham
nas matas, pedras e planícies, descem montanhas
em lindas e perigosas cachoeiras, contornam obstáculos
em corredeiras traiçoeiras, arrastam troncos
e aos trancos e barrancos vão se aproximando
de seu destino encantado: o mar.
Ter paz é contornar as dificuldades,
superar os conflitos e abrir mão de certezas absolutas.
É envergar-se com a humildade aprendida na tolerância,
na convivência com o diferente, na resiliência
dos que se adaptam ao terreno, aos tempos, ao novo
e se renovam a cada curva,
renascem das pedras, das perdas, das cinzas...
E persistem na busca de plenitude no grande Mar.
A paz não é a ausência de lutas, mas a presença
do esforço por uma convivência harmoniosa.
Ela nasce em um coração generoso, que enfrenta as intempéries
sem perder a esperança de chegar,
encantado pela pujança de sua essência infinita
sedenta do Infinito.
Ela mora dentro de nós e penetra os recônditos de nosso ser,
como uma semente que teima em nascer
e se expandir para o mundo.
Por isto, somos todos construtores de paz,
pelo exemplo, pela solidariedade, pela caridade fraterna.
Não uma aparente calmaria, mas uma força
que contagia, seduz e liberta.
Eu convido você a navegar nessas águas,
a experimentar a vivência de uma paz fecunda,
proporcionada pela diversidade de culturas, costumes,
diferenças que nos reúnem, nos unem e nos enriquecem.
“Senhor, fazei-nos instrumentos de vossa paz.”
Daniel Moura
(41º Encontro da Feliz Idade)