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VIDA E PALAVRA

por Daniel Moura

  • Daniel Moura

Eu busco o encontro de muitos

dentro de mim.

Eu procuro o ilimitado do meu limite.

E na confusão dos muitos,

que nasça e prevaleça

o de mais novo ser

e coragem.

E que assim

deixe eu

de buscar-me ao longe,

a olhar no vago,

no alto dos montes

verdes de batalha,

nos vales,

a buscar-me perdido,

há muito tempo,

nas horas.

E me encontre aqui

comigo mesmo

de uma vez por todas.

E nunca mais

faça parte

de um “tic-tac”

de relógio.

E nunca mais

crie asas

pra voar

fora de mim. . .

Daniel, 1976

  • Daniel Moura

Andante que passa pela rua

e simplesmente passa

é simplesmente um andante

que passa

e nada mais.

E nada mais

caracteriza tão bem

o ser humano.

Se dizem:

é João

é fulano

é José

é aquela que. . .

é aquele que. . .

nada dizem.

O que passa pela rua

é apenas o que passa pela rua

dentre os que passam pela rua.

E se não é notado

é bem mais caracterizado ainda

porque é um dos que passam pela rua.

E é muito importante

ter a (in)significância

de um andante

e ser um

daqueles que passam,

porque, se não o houvesse,

não haveriam

os que passam pela rua

e não havendo

os que passam pela rua

não haveria rua

e com a rua

tanta vida!


Daniel/75

  • Daniel Moura

Eu procuro uma porta

feita à minha forma,

que me dê entrada

pro infinito,

que me faça ver mais

que os simples olhos humanos veem

e enxergar o que a vida não pode dar

e negou.

Pra entrar nela

de vez e tudo

só pra não voltar

e me encarcerar

na verdade real

e no verdadeiro significado da vida

e me esconder

dos chiqueiros porcos

dos porcos

imundos

desta verdade irreal

desta insignificância

desta falta de vida.

Daniel




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