Vocês me olham e não veem
que estes olhos também têm
o mesmo brilho,
a mesma luz
que reluz nos olhos seus.
Vocês não sabem que aqui dentro,
no fundinho do meu peito,
um coração anda sedento
de amor sem preconceito.
Vocês dizem que sou feio,
imundo mesmo e até vadio,
que roubo, peco sem receio,
mas não conhecem meu vazio.
Minha estória é diferente
daquela que vocês tiveram:
Sem pai, sem mãe e sem parente,
sou dos que ainda não nasceram.
Daniel Moura
Um pássaro cantor
que cantou tão fundo
pra espantar do mundo
tanta agonia
não sabe, não,
do amor em seu coração...
Um pássaro profundo
pra estancar a dor
faz do peito em flor
tanta poesia
não sabe, não,
cantou tão linda canção.
Oh! Pássaro que existe
dentro do homem triste,
canta e encanta seu Senhor
na alegria do amor,
canta o encanto de saber
que em todo amanhecer
o teu canto se renova
pra cantar a Boa-nova.
Vem no tempo deste vento!
Vem, que a ainda é momento
pra cantar a esperança
de voltar a ser criança.
Daniel Moura
Eu sei que é tão duro
correr sem ter pés,
eu sei que é tão duro
as faces doloridas
sofridas
tão gastas
do tempo que foi. . .
Eu sei que é tão duro
voar asas grandes
nos sonhos roubados
da mente cansada
de tanto sofrer. . .
Eu sei que é tão duro
as esquinas sombrias
gritando medos
medonhos gritando
por sonhos desfeitos
(desespero escondido
do que não pode mais ser).
Por isto é tão duro
o céu estrelado
exibindo-se
imprescindivelmente
sobre fortes e fracos
alegres e tristes
sem se alterar. . .
Ah!, irmão,
eu sei tudo isto
e muito mais ainda
que nem é bom lembrar. . .
que se tu sofres
eu sofro contigo.
E no meu céu não há estrelas
quando apagas o teu. . .
Por isto,
vamos juntos procurar
a luz do nosso céu
do nosso eu
Daniel